Ao prosseguir suas análises sobre o escritor mineiro Guimarães Rosa, o crítico Luiz Roncari se debruça neste livro sobre a parte negra do romance Grande sertão: veredas. A investigação sensível das agruras de Riobaldo em sua constituição de sujeito, do despreparo para ser chefe à ação integradora, mediada pela relação ambígua com o poder, é palmilhada com vagar pelo autor, deslindando os redemunhos frasais apenas para recompô-los sob nova luz, direcionada para o ato interpretativo. A atenção aos meneios da pulsão formal, na transitividade profusa entre epopeia e romance, cifra destinos e modos de contar urdidos por uma voz narrativa que, oscilando entre o parecer das ações reportadas e o ser da intimidade que se confessa, compõe a híbrida figura de um guerreiro penseroso, cujo anseio central, ladeado pelas lutas e amores, é o da superação de si.