Metamorfoses são um longo e contínuo poema hexamétrico em 15 livros, um perpetuum carmen como o próprio poeta diz num pequeno proêmio de quatro versos, que Bocage não traduz nessa versão. Narra-se em ordem cronológica a mudança da forma dos homens em animais, plantas e minerais desde a origem mitológica do mundo até o tempo do poeta. O poema tem caráter etiológico, isto é, conta a origem dessas mesmas plantas, animais e minérios, articulada em torno de fábulas em que se registra uma transformação. É precisamente no descrever essa transformação que se percebe a capacidade plástica da linguagem de Ovídio, que capta a dinâmica fantasiosa de membros humanos a desformar-se antes para então se conformar em nova figura, cuja origem do primeiro espécime mitologicamente ali se narra.