A filosofia da lingüística é uma área da investigação filosófica que tem por objeto a ciência da linguagem e suas teorias, cabendo-lhe investigar as formas de obtenção de conhecimento fundamentado sobre a linguagem humana que os lingüistas utilizam. A filosofia da lingüística é um "ramo" da filosofia da ciência e é tarefa dessa área de estudos investigar a natureza das teorias lingüísticas, a natureza dos conceitos e das representações utilizadas, dos "componentes" propostos, dos "recortes" efetuados etc. A filosofia da lingüística não se confunde nem com a filosofia da linguagem nem com a chamada "filosofia lingüística", que é aquele tipo de investigação que busca nos resultados das teorias lingüísticas soluções para os problemas filosóficos. Embora não seja nem descritiva nem normativa, ela está intimamente ligada à história da lingüística. Porque busca reconhecer as virtudes e os defeitos das teorias, acaba por estabelecer "normas" para a obtenção de conhecimento seguro sobre o objeto de estudos. Não como um "policial do conceito", mas como um crítico, que, a posteriori, mostra que o fato de ter o cientista tomado este ou aquele caminho certamente o levou à obtenção de avanços científicos ou meramente a dizer bobagens. A decisão de publicar este volume vem da importância de mais gente tomar contato com a necessidade que uma ciência tem de que suas teorias sejam sempre submetidas à mais severa crítica. Se a crítica deve ser feita do ponto de vista da adequação empírica das propostas teóricas, deve também ser feita do ponto de vista da escolha dos conceitos, do recorte dos fenômenos, das estratégias argumentativas utilizadas etc. É aqui que se revela a originalidade deste livro, o primeiro dedicado ao assunto em português.