Desde o início, foi em torno da sexualidade que a psicanálise produziu mudanças e, igualmente, encontrou seus maiores desafios. No movimento da cultura ocidental, com os avanços e retrocessos da chamada moral sexual civilizada, as teorias e a práticas psicanalíticas se mantiveram sempre na vanguarda dos debates. Nestes 120 anos desde a invenção freudiana, pudemos acompanhar como os analistas foram interrogados pelos diferentes campos discursivos implicados com as questões sexuais. Designações plurais como os feminismos, estudos de gênero, teóricos queer, teorias gays e lésbicas etc., que vêm produzindo um amplo e interessante trabalho, passam desde sempre pela interlocução com a psicanálise. Por sua vez, o modo como os psicanalistas têm participado desses debates não é uníssono, longe disso. Ele dá indícios da polifonia da psicanálise, demonstrando que, mesmo que haja conceitos e fundamentos compartilhados, não há uma unidade propositiva no campo em relação à sexualidade. [...]