A Contemplação do mar, de Ana Cecília de Sousa Bastos, além de uma seleção de poemas, é uma meditação em torno de uma força obscura que nos cerca, cuja representação mais próxima é o mar. Por sua energia ou placidez, música ou silêncio, ele é maior do que uma imagem transcrita. Dele, o sal da lágrima do poeta ou a mensagem do que passa. Um dos nossos primeiros poetas, o padre José de Anchieta, costumava escrever seus versos nas areias de uma praia brasileira, deixando que as ondas lavassem os sinais de sua passagem física e espiritual. O mar, representação do incompreensível a varrer a fragilidade humana. Circunstâncias e pessoas, paisagens e pensamentos harmonizam-se no azul oxóssi ou no amarelo oxum. Deuses que comemoram conosco este mar salgado de Ana Cecília de Sousa Bastos a acordar o poema. - Everardo Norões