Pouco se diz, mas dos quatro mártires que faleceram no patíbulo da reação da Coroa portuguesa, três eram militares. Eram eles: João de Deus do Nascimento, cabo de esquadra de Regimento de milícias, Lucas Dantas de Amorim Torres e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga ambos soldados da tropa regular. O quarto foi Manuel Faustino Santos Lira, alfaiate. Todos homens pardos, como se chamava à época.  Esses quatro heróis negros baianos têm seus nomes inscritos no Livro dos Heróis da Pátria, o Livro de Aço, por meio de lei sancionada pela presidenta Dilma Rousseff. Este livro está depositado no Panteão da Pátria e Liberdade, em Brasília. São heróis nacionais. Mas quem foram esses homens? Quais as suas aspirações? Que importância tinha em suas vidas pertencer às corporações militares da América portuguesa? Como funcionavam a Organização Militar na América portuguesa e como os negros eram inseridos? Que significado aqueles homens atribuíam a uma cata patente, símbolo de prestígio e honra tão caro à sociedade baiana escravista e de Antigo Regime? Por que de dentro de uma Instituição destinada a reprimir as vozes das classes subalternizadas saíram os principais líderes populares do movimento? Quais os sentidos que esses homens deram aos ideais de Igualdade e Liberdade oriundos da Revolução Francesa? Que identidades construíam em torno dos marcadores sociais que os atravessavam? Essas, dentre outras, são questões que permeiam a presente obra no desiderato de contribuir para o debate sobre a agência dos negros livres e libertos na construção de sua própria história propondo um diálogo entre as estruturas sociais e as experiências dos indivíduos vivos das classes “invisíveis” para conhecer sobre suas aspirações, motivações e seu protagonismo na História da Bahia.