A convocação dos amores impossíveis entre o corpo e o espírito forjou o carisma de Santa Tereza de Ávila. Uma das personagens mais cultuadas do cristianismo, ela transformou os conceitos de oração e meditação, no século XVI, em pela Inquisição, com suas experiências de êxtase místico. Os conhecimentos e o legado da jovem aristocrata espanhola, líder da reforma que restaurou a austeridade e o caráter contemplativo da ordem das carmelitas, levaram o papa Paulo VI a conceder-lhe o título de doutora da igreja, em 1970. Santa Tereza deixou uma obra de cinco mil páginas em forma de cartas, em prosa ou verso. Além de resgatar a história desta religiosa, Elisabeth Reynaud traça o retrato de uma época - à opulência da Espanha renascentista contrapõe a reprodução das desigualdades sociais nos mosteiros, relacionando os sistemas de dotes e o poder das famílias nobres na vida monástica - e recria as cenas dos sacrifícios nas fogueiras, destino dos falsos santos apanhados pelo Santo Ofício.