A ascensão e queda da figura do burguês na literatura é o tema do livro do crítico italiano Franco Moretti, professor de literatura da Universidade Stanford (eua). Em seis capítulos concisos, enérgicos e iluminadores, ele recorre à obra de alguns dos principais autores do século xix e início do xx, a fim de demonstrar como a busca de hegemonia por parte da cultura burguesa está entrelaçada à racionalização da prosa e à invenção do romance. Por meio das obras de, entre outros, Daniel Defoe, Jane Austen, Gustave Flaubert, Machado de Assis, Joseph Conrad e Henrik Ibsen, o crítico mostra como o declínio do burguês ocorre a despeito da consolidação do capitalismo. "As mercadorias se tornaram o novo princípio de legitimação; o consenso passou a ser erigido sobre coisas, não sobre homens - menos ainda sobre princípios", escreve Moretti.