Ferenc Molnár (1878-1952) ficou conhecido no Brasil por seu livro 'Os meninos da rua Paulo', romance juvenil. Nascido no seio de uma abastada família judia, Molnár soube encarnar como poucos o gênio cosmopolita de sua cidade, logo se transformando em representante por excelência do 'espírito boulevardier de Budapeste'. Em 'O poste de vapor', o leitor poderá conhecer uma outra face de Molnár, um espírito de observação aguçada dos últimos anos do Império Austro-Húngaro. Nesta novela de 1926, o narrador recorda um personagem de sua juventude - certo capitão de hussardos, figura simpaticíssima que gravitava em torno de uma estação termal, em plena ilha Margarida, entre Buda e Pest, e em torno ao qual, por sua vez, orbitavam mulheres, apaixonadas ou calculistas, com quem estabelecia relações. O livro destoa da imagem do Molnár de 'Os meninos da rua Paulo'. Narrando os feitos e as tribulações do capitão, a matéria da novela é essencialmente cômica, num leve tom de crônica jornalística. Com um mundanismo depurado e inteligente, o escritor monta um mecanismo sutil de personagens, situações e qüiproquós.