O dia 13 de maio de 2012 registra o centenário de criação da Escola Moderna N. 1, mítico estabelecimento de ensino, idealizado por anarquistas paulistas, que funcionou no bairro paulistano do Belenzinho, entre 1912 e 1919. Os historiadores dos movimentos sociais e culturais estão dentre daqueles que podem fazer a ponte do presente com o passado. De fato, ao rastrearem de tempos em tempos o campo em busca de um objetivo de estudo, esses profissionais se deparam com a saga dos libertários em terras brasileiras e revisitam os movimentos a eles associados, desencadeando um renovado interesse por suas figuras, ideais e estratégias de luta. Fernando Antonio Peres, autor deste livro, é um desses historiadores que, em seus trabalhos, não se esquecem da presença anarquista na educação. Além dessa característica, sua produção traz a marca da diferença. Neste trabalho, que foi sua tese de doutoramento, Fernando aborda a história da Escola Moderna N. 1 de um ponto de vista novo, inusual à historiografia da educação. Em poucas palavras, o autor provoca um estranhamento no leitor ao compreender a instituição pelo seu criador. Daí que o próprio João de Camargo Penteado (1877 - 1965) tenha se tornado o objeto de estudo preferencial de Fernando, quando este percebeu que a face anarquista do responsável pela Escola Moderna N. 1 era importante e basilar à sua existência histórica, mas também parte de um todo, uma dentre outras figurações assumidas por essa personagem "fascinante e multifacetária". Fernando Peres foi capaz de efetuar a operação de desvelamento das múltiplas faces que João Penteado assumiu em sua trajetória, além daquela de professor e diretor da Escola Moderna N.1, de orientação racionalista e moderna pelos viés anarquista (ou seja, baseada na obra do educador espanhol Francisco Ferrer), as de autodidata, jornalista-tipógrafo, espírita, colaborador da imprensa anarquista anticlerical, sindicalista, benemérito social, diretor de escola de comércio e de entusiasta pela educação.