Félix Ventura escolheu um estranho ofício: vende passados falsos. Seus clientes, prósperos empresários, políticos, generais, enfim, a emergente burguesia angolana têm o futuro assegurado. Falta-lhes, porém, um bom passado. Félix fabrica-lhes uma genealogia de luxo, memórias felizes, consegue-lhes os retratos dos ancestrais ilustres. A vida corre-lhe bem. Uma noite entra-lhe em casa, em Luanda, um misterioso estrangeiro à procura de uma identidade angolana. E então, numa vertigem, o passado irrompe pelo presente e o impossível começa a acontecer. Sátira feroz, mas divertida e bem-humorada, à atual sociedade angolana, o vendedor de passados é também (ou principalmente) uma reflexão sobre a construção da memória e seus equívocos.