A existência dos seres vivos contém invariavelmente nascer e morrer. Os humanos, em comparação com os outros primatas ou mamíferos, ou ainda os animais em geral, preenchem o caminho que liga esses dois marcos da existência com inúmeros rituais. Tais rituais comportam a especificidade de serem culturais, de terem ampla variação nas formas, nos sentidos, nos usos, nas manifestações, etc., ao longo do tempo e do espaço, mesmo quando nosso olhar se restringe a uma única sociedade, um país ou região. A riqueza e a diversidade dos rituais humanos da vida cotidiana muitas vezes escapam ao nosso conhecimento por falta de fontes documentais que os tragam aos olhos , seja como homens comuns, seja como cientistas sociais. Nunca, porém, esses obstáculos calam a curiosidade que carregamos. Este livro descortina-nos um pouco desse quadro plural e forte dos rituais em Minas Gerais no seculo XIX, por meio da citação de fontes e análises ancoradas nas ciências sociais. Deparamo-nos ainda com os modelos como eles foram percebidos por ''outros'', ''estrangeiros'', viajantes, muitas vezes surpresos com o que lhes parecia estranho ou incompreensível. Mergulhar neste livro representa lançar-se numa viagem que traz as fruições mais saborosas sobre um mundo que nos pertence, mas que não é mais ''nosso''. Com isso, inunda-nos um misto de nostalgia do perdido e do espelho que nos revela as rugas dos nossos próprios rostos... Aqui, a leitura converte-se, para além de um aprendizado, em um ritual particular!