Há quase dois séculos, a Igreja Católica arrasta um segundo ¨caso Galileu¨. Desde os trabalhos de Charles Darwin, ela demora em situar-se perante as teorias sobre a evolução do ser vivo e perante os avanços da pesquisa nesse domínio. Embora o papa João Paulo II tenha proposto recentemente uma reavaliação dessas teorias, é indiscutível que o autor de A origem das espécies continua a suscitar desconfiança. Com grande maestria, Jacques Arnould, jovem cientista e dominicano, mostra como está esse dossiê espinhoso, no qual se misturam fé e ciência, história e teologia. Porque, se a posição da Igreja mudou desde a condenação das tese de Darwin e das de Teolhard de Chardin, é verdade que ela não parece muito preocupada com as conseqüências que o impacto das descobertas científicas pode ter sobre a linguagem da fé. O discurso atinente à criação acerca de Adão e respeitante ao pecado original será inevitavelmente abalado por elas. Aliás, as obras oficiais de catequese permanecem muitas vezes em silêncio constrangido no tocante à evolução. Obra atual num momento em que Darwin volta a ser lembrado.