O livro de Romilda Costa Motta debruça-se sobre a cativante figura de José Vasconcelos (1882-1959), mentor e gestor das vigorosas políticas culturais e educacionais que tiveram lugar no México no início dos anos 1920, na esteira dos acontecimentos revolucionários que convulsionaram o país entre 1910-1917. As políticas públicas que idealizou apontavam para o florescimento de uma nova sociedade, em que a escola rural seria vetor de incorporação dos índios a uma nação mestiça. A ideia de mestiçagem de Vasconcelos, todavia, conferia primazia à matriz vice-reinal espanhola, assimiladora dos elementos culturais autóctones. Essa percepção ganhou contornos mais nítidos na década de 1930, quando o ex-secretário de Educação Pública e autor da prestigiada obra La Raza Cósmica, amargava as consequências de sua derrota como candidato à presidência da República.Com uma abordagem que prima pela originalidade e inteligência, a análise desenvolvida neste livro recai sobre as Memórias escritas e publicadas por José Vasconcelos nesses anos de desencanto e autoexílio. A autora discute as estratégias simbólicas que aí se desenham como “escritas de si”, travando disputas por lugares projetados sobre a História e sobre a cena política.