Continuando o diálogo nos livros Arte e Cultura I (2001) e Arte e Cultura II (2002), o presente título expõe idéias e trabalhos de conceituados pesquisadores que propõem deixar ver o vão, o entre arte e cultura, possibilitando ao leitor desvelar o umbigo que as relaciona. Enquanto tudo na arte (na música) fala de cultura, tudo na cultura se interpreta na arte (na música), pois que esta é a única capaz de abarcar o "princípio do absurdo", dos sonhos, das emoções, da loucura, do desejo. E enquanto a arte seduz o ouvinte ao que move e co-move, enquanto a música sempre sabe mais que o músico, a cultura, essa criação acumulativa da mente humana (Lévi-Strauss), molda uma vida "num ser biologicamente preparado para viver mil vidas" . Abordando o gesto musical, investigando composição & representação, discutindo a construção do sentido na música, desmitificando a música eletroacústica, Arte e Cultura III incursiona também nas características psicológicas da música (de onde nasce a sua força? por quê ela fascina a ponto de nos "seqüestrar"?), nos processos de criação, no universo "sonho e música", no teatro (uma arte na contramão da história?), para enfim revelar que a música "fala" para não dizer nada; e que não dizendo nada ela acaba falando tudo, pois sua escuta finalmente "inventa", força a significação. Infere-se assim da presente leitura que o sentido da arte (o sentido da música) excede o texto (escritura), possibilitando que seus criadores (compositores, performers, ouvintes) acabem por "falar" de coisas que literalmente "não sabem" (Jean Bellemin-Nöel). Convido assim o leitor a mergulhar neste diálogo, lembrando que toda e qualquer forma de arte é sempre resultado de um modo de ler, de interpretar.