Lidei por muito tempo com a vontade temerosa de acessar a forma da consciência demente do meu pai. Restariam lampejos, gostos, tridimensionalidades ou cheiros, ainda que sem «conteúdo», sem palavras ou significados correspondentes? Restariam essas cicatrizes do humano, ou o que meu pai vivia era o presente puro, a sensorialidade pura a pele que recebe o vento, o cheiro da gasolina que entra pelas narinas sem provocar nenhum eco na consciência e logo se dissipa para não deixar rastro?