Sobrevém-nos, por todos os lados, inundação gigantesca de informações, fragmentadas e contraditórias, estirando para os extremos. A força imagética das novas técnicas subliminares arrasta-nos a inteligência e a vontade para onde não queremos nem conhecemos. A única defesa de que dispomos chama-se consciência crítica, que implica o duplo movimento de inserção na realidade e distância para discernir nela as contradições, os engodos, as seduções. Este livro nos conduz por inúmeras antíteses, tensões, pontos conflitantes a fim de conseguir no final uma compreensão ajustada da realidade. Conhecer significa iluminar o real com a luz da inteligência. E essa carece de instrumentos teóricos para exercer tal função. Algumas tensões surgem do puro conhecer, outras das ciências naturais, outras das ciências humanas, outras das experiências diárias. E a reflexão presente ilumina-nos os caminhos para chegar a bom termo, sem perder-nos nos extremos. Várias tradições confluem para a mesma finalidade de lucidez. A experiência inaciana fornece o exercício do discernimento. O pensar mineiro insinua-se sutilmente nos interstícios das tensões. O exercício do pensamento dialético marca presença, ao conduzir o leitor para afirmar as positividades do pensar e da realidade e, ao mesmo tempo, negar-lhe os aspectos negativos em vista de realidade mais completa e verdadeira. Preside a convicção de que se caminha na verdade para um telos, um fim, no interior de um processo de retificação contínua com potencial ilimitado.