Hoje mais associado ao luto e à elaboração de momentos difíceis, entre os quais se sobressai a morte, o poema elegíaco guarda em sua origem latina não apenas a definição por sua forma métrica, mas também a variação temática, o acompanhamento musical e o vigor erótico e retórico. Sua alusão, como se pode apreender na propulsão gerada pelas pinturas, desenhos e esculturas recentes de Gianguido Bonfanti aqui reunidos, serve à concisa e movente reflexão de Gonçalo Ivo como uma sorte de nomeação do testemunho, sempre renovado, que se pode experimentar em face de toda autêntica criação artística. Mas não só, pois traz ao que se encorpa no manuseio destas páginas um sabor cujas notas aquiescem à sua dissonância.