Neste estudo literário, Miguel Sanches Neto constrói uma análise do romance A Polaquinha, de Dalton Trevisan, a partir do fio condutor das relações entre o erótico e o obsceno na literatura, desmontando o discurso da narradora e vendo nele os artifícios utilizados por uma mulher que não quer contar a sua história de vida, e sim espelhar os preconceitos do olhar masculino. O ensaio, que estabelece relações intertextuais subjacentes nesta trajetória da prostituta vitimizada, compõe um painel crítico sobre a temática, vinculando este livro a outros momentos da produção de Trevisan em que tais recursos narrativos e a figura da prostituta aparecem. Portanto, mais do que fazer a leitura de um livro, O artifício obsceno busca situar criticamente uma dos mais importantes ficcionista brasileiros.