O cenário é Beirute, capital do Líbano, 1975. A guerra civil entre a minoria cristã, politicamente dominante, e a grande maioria árabe expõe à violência e ao terrorismo refugiados palestinos da Jordânia (após a invasão israelense 1967), trabalhadores sírios, mulheres e crianças. Tiroteios, balas perdidas, terror e medo, sob as vistas da comunidade internacional, o conflito se instala e armas estrangeiras, cada vez mais sofisticadas, aparecem nas mãos dos combatentes de ambos os lados. Os corpos são encontrados aos pedaços, em sacos plásticos deixados à porta das casas. 'Sitt Marie-Rose' conta a história de um amor que ousou desafiar a intolerância e o ódio racial. É uma novela emocionante, inspirada em fatos reais, publicada pela primeira vez há 30 anos, na França, pela escritora libanesa Etel Adnan. Apesar de pertencer a uma família cristã, Marie-Rose, uma bela mulher de olhos azuis, mãe de três filhos, divorciada, que ousou cursar universidade, lutar pelos direitos femininos e trabalhar com crianças árabes surdas-mudas, apaixonou-se por um médico árabe que prestava auxílio às vitimas da guerra. Por esse amor incompreendido, pagou com a própria vida o preço de desafiar o preconceito estabelecido. Foi torturada e morta, na presença de seus alunos, por mãos de ex-colegas de escola, todos cristãos. A morte de Marie-Rose é narrada através de todas as perspectivas, da visão de cada participante do assassinato; da própria vítima, dos seus executores, de um monge da área e das próprias crianças que a presenciaram. Através da saga de Marie-Rose é possível entender, não só a triste história da guerra, mas também o radicalismo dos sentimentos que até hoje contamina os povos do Oriente Médio.