Falar sobre sexualidade e gênero, na sociedade contemporânea, ainda é um grande Tabu, apesar do tema permear os primórdios da civilização. Nossas crenças e valores morais foram socialmente e historicamente forjados, sob o véu obscuro de uma sociedade patriarcal, machista e sexista, construindo padrões cristalizados e estabelecidos.No levar deste descaminho temos acompanhado o aumento da materialização deste patriarcado, através da reprodução da divisão sexual e social, principalmente, no bojo das desigualdades de gênero, sobretudo, representadas pelo negacionismo da identidade de gênero, especialmente, do ser Travesti. O livro de Washingthon Napoleão Eufrázio é inovador, revolucionário e necessário. Seus escritos nos permitem conhecer e compreender, com leveza e sensibilidade, sem perder o teor científico, discussões sobre identidade de gênero, homossexualidade e trabalho sexual. Retrata, especialmente, a construção da identidade sexual e da realidade das trabalhadoras do sexo que “pintam o rosto para viver”, através das vivências de três travestis na cidade de Manaus-AM. A discussão descortinada pelo autor neste livro é extremamente relevante, uma vez que, enaltece a visibilidade de um público “outsider”, constantemente permeado de invisibilidades, marginalizados e excluídos por grande parte da sociedade. São trabalhadoras que pintam o rosto diariamente na luta por visibilidade, emancipação e pelo reconhecimento como sujeitos de direitos. - Joyce Freitas Araújo Firmino