Quando a autora selecionou a obra de Émile Durkheim como exemplar do projeto de moralização infantil laica, pretendeu analisar o dispositivo pedagógico que ali é construído e justificado de modo a sustentar a tese de que esse dispositivo não está comprometido com o ideal de autonomia de cidadãos livres, responsáveis e criadores mas que, ao contrário, é um substituto da moralização cristã, com efeitos similares: identificação com a norma; submissão; demanda de crença no Outro, único a decidir, providencial e onipotentemente, sobre os destinos da vida individual e coletiva.