Eutimo, meu pai, veio de Sergipe logo após a grande seca de 1932. Convidado por meu tio-avô, mudou-se para a Fazenda Santo Antônio em Rancharia, São Paulo. Foi um homem resiliente. Derrubou matas para plantio de algodão em São Paulo e mais tarde no Paraná. Casou-se nesta fazenda com uma prima muito linda, vinda de Ribeirópolis. Teve doze filhos, dentre eles, Jaime, que sou o autor destas memórias. Minhas lembranças afloram no início dos anos sessenta. Era uma manhã fria de outono, levantei e sem tomar o café da manhã fui para a roça, próxima de casa. O vento assoviava pelo milharal. Lá sozinho eu estava sentado entre as ruas de milho pendoado. Sentia uma solidão e saudade de algo de que não me recordava. Era como se eu fosse um avatar. Um mundo distante ecoava em minhas lembranças na forma de saudade e ali solitário e desamparado eu me punha a chorar. A partir daí tem início uma sequência de histórias de familiares. [...]