Indo, muitas vezes, na contramão dos discursos pedagógicos que circulam entre nós, Nadja Hermann, destacada especialista em Filosofia da Educação, apresenta-nos um valioso estudo acerca das relações entre ética e educação. Num texto em que estão combinados o rigor e a leitura acessível, bem como os argumentos claros e a inventividade filosófica, a autora parte do entendimento de que só existem processos educativos na medida em que sempre há um outro a educar, numa relação carregada de ambiguidades e atravessada pela ética. E a própria ética, por sua vez, se constitui nas complexas respostas produzidas pela interação com o outro. Importantes questões ? tais como alteridade, diferença, igualdade, formação na contemporaneidade e singularidade ? perpassam toda a obra e são minuciosamente discutidas em sua complexidade. Desnaturalizando a presença do outro e o par sujeito-objeto na modernidade, Nadja Hermann recorre às contribuições de, entre outros, Schopenhauer, Nietzsche, Habermas, Freud, Gadamer e Derrida, de modo a traçar uma breve genealogia da alteridade. Como epílogo, a autora coloca a perturbadora pergunta: pode a educação fazer justiça à singularidade do outro?. Sem pretender chegar a uma resposta definitiva, ela propõe recorrer ao diálogo e à experiência estética para o estabelecimento de uma reciprocidade possível entre o eu e o outro.