Curva de rio sujo só junta tranqueira' diz o provérbio popular que para Joca Reiners Terron é o sinônimo perfeito para a memória mistura impura de sonhos adultos traumas da infância e fantasmas de todas a idades. É nesta experiência íntima pessoal que o autor vai buscar o universal em histórias que têm vidas independentes mas que ganham um sentido todo especial lidas assim juntas no fluxo desordenado de quem inventa mentiras ou sonha. Rememorados pela ficção quintais viagens de ônibus parentes e amigos vão além de um álbum de recordações. Todos estão impregnados pelo cenário quase expressionista de um Mato Grosso mítico atravessado por rios pela violência própria da juventude e por ecos ameaçadores do passado. Depois do notável 'Não Há Nada Lá' mergulho anárquico em referências pop e literárias comparável ao Panamérica de José Agrippino de Paula Joca Reiners Terron traça neste livro com delicadeza de miniaturista a paisagem sempre instável da memória.