A narrativa de Marcos Rey em A última corrida Ferradura dá sorte? conduz o leitor não apenas ao espaço onde se desenvolve a história turfística.A trama ficcional insinua-se por bairros e logradouros da cidade espaço que o autor percorre com olhos de roteirista. Na metrópole, pano de fundo, movimentam-se as personagens elaboradas pela criatividade do autor, mas a ficção de Marcos Rey extrapola o regional. O romance, cujo tema se desenrola de modo instigante, mostra ao leitor o mundo do turfe e as figuras que nele interagem. Tratadores, jóqueis, proprietários e apostadores vão surgindo e, desde logo, evidenciam suas características. Mestre Juca, profissional honesto e competente, sob aparente crosta de dureza, esconde uma sensibilidade que aflora no decorrer da história. Seu carinho por Gil e a admiração do rapaz pelo velho tratador crescem nos bastidores das corridas. O amor aos animais revigora a amizade entre ambos, apesar da grande diferença de idade. O turfe é o laço que os mantém unidos. Marujo, cavalo favorito, preenche-lhes a vida e galopa na história do começo ao fim. Embora destituído de princípios, uma certa pureza transparece nas atitudes do jovem Gil. Seu amor obsessivo por Valentina, a ambição e o sonho levam o adolescente a caminhos tortuosos. A narrativa se desenvolve aguçando a curiosidade do leitor quanto ao destino do rapaz.O milionário Cid Chaves, a irmã Ernesta, o homem de terno escuro e pasta, João Maconheiro, entre outras personagens, sustentam a trama da história. Na Vila Hípica, cavalos de nomes expressivos Platino, Luar, Miss Ly, La Petite Impossible integram o cenário onde a realidade dos bastidores e a ficção se encontram. A criatividade, a linguagem despojada e a narrativa instigante estimulam o interesse do leitor. A obra de Marcos Rey destaca-se no panorama das letras nacionais. A publicação de A última corrida Ferradura dá sorte? confirma a relevância de sua produção literária.