Certamente não há tema que atormente mais a quem tem um olhar atento ao segmento mais vulnerável da população: crianças e ado­lescentes que não têm uma família. Em nome da proteção integral, quem mais precisa de proteção é desprotegido. Em face do desleixo da máquina estatal, restam literalmente depositados em abrigos. O ECA já tem 30 anos, daí o apego injustificado aos vínculos biológicos. Deixou de acompanhar a profunda mudança de paradigmas no que diz com os vínculos da parentalidade e da conjugalidade. O reconhecimen­to do princípio da afetividade como marco prioritário para estabelecer efeitos jurídicos foi construído pelo IBDFAM Instituto Brasileiro de Di­reito de Família. E acabou provocando a maior revolução no âmbito das relações interpessoais. Filiação socioafetiva, abandono afetivo, paternidade responsável são novos conceitos que atribuem obrigações e asseguram direitos a quem assume o dever de cuidado. Não é outro o propósito desta preciosa publicação, coordenada por quem adotou a adoção como missão de vida. Silvana do Monte Moreira trans­formou-se na voz de quem não é ouvido, por se encontrar encarcerado. É os olhos de quem precisa ser visto para ser amado. Por isso é ... dos Gru­pos de Apoio à Adoção, criou e preside a Comissão de Adoção do IBDFAM. É necessário proclamar aos quatro ventos que este é o sentido da adoção: a criação de laços que se cristalizam, a consolidação de en­trelaços que geram vínculos de amor, confiança e dedicação. Para acabar com o mito da adoção, é necessário garantir que ela aconteça. Afinal, há milhares de pessoas que embalam o desejo de terem filhos. E há milhares de crianças precisando de um pai, de uma mãe. Enfim, de uma família para chamar de sua.