O presente trabalho analisa a relação funcional existente entre capitalismo neoliberal, Sistema Penal e criminalização das drogas no controle social punitivo e sua materialização nas estatísticas criminais e nas decisões judiciais recortadas no Estado de Santa Catarina. Diante de qualquer estudo que se proponha a discutir o tema das drogas, não raro surgem inúmeras opiniões geralmente polarizadas pelos discursos de "legalização" e "criminalização", sem que se faça uma reflexão profunda e crítica sobre o processo de transnacionalização ideológica da política criminal, assim como sobre os dogmas que lhe dão sustentação e que resistem a questionamentos críticos, notadamente quando relacionados ao capitalismo neoliberal propulsor do mundo. A compreensão do controle social punitivo antidrogas implica conhecer a transformação das sociedades a partir do poder de controle exercido pelo capital e pelo Sistema Penal à luz da Criminologia crítica. Assim, lança-se um olhar sobre a criminalização dos excluídos, com o escopo de conservar a ordem social necessária ao processo de reprodução e expansão do capital, problemática que atinge seu ápice na heterogeneidade das decisões judiciais, prolatadas com a construção ideológica da criminalidade do tráfico de drogas e do traficante como estereótipo do inimigo a ser combatido e eliminado.