É janeiro outra vez. A literatura de Ruth Guimarães aflora todos os nossos sentidos, mas tem cheiro de terra. E é como cronista que esse cheiro exala com mais força. Não apenas pela própria narrativa que esse gênero propõe, mas pela capacidade de Ruth ser uma observadora-vivente, de ver o outro sem máscaras e de deixar se ver. As crônicas reunidas neste livro, nos trazem o Brasil, visto, escrito, vivido por uma mulher que pertence a si mesma e aos seus filhos, que não recusa suas raízes e faz da literatura a sua própria potência. Ruth nos apresenta um país com rostos, nomes, cores, línguas, preces e dilemas, não aquele do mapa, dos livros de história e cartões postais. Ruth escreve o que vê, o que sente, o que pesquisa, o que vive. O Brasil de uma mulher negra, pobre, professora, escritora, caipira Marinheira no mundo pela sua literatura