Em Atenas, a razão tinha-se afirmado contra a autoridade dos costumes. Desde Descartes e Hobbes, o subjectivismo moderno tinha conquistado progressivamente o terreno da interrogação sobre o melhor regime. Este volume é consagrado a um terceiro grande "nó", inscrito no percurso da filosofia política: através do conflito entre Luzes e Romantismo é a própria possibilidade que se arrogava o sujeito humano de se arrancar, pela força de uma liberdade culminando na crítica, à dominação da tradição e da natureza, que veio a encontrar-se posta em questão. Porque, desde os últimos anos do século XVIII, os românticos julgaram perceber nessa forma de liberdade o cúmulo da ilusão e o pior dos perigos, a história da razão política, atravessada pelos debates em torno da Revolução Francesa, esteve perto de escapar à trajectória em que ela mesma se tinha colocado. Seria preciso, para colmatar a brecha, explorar uma figura da racionalidade mais consciente dos seus limites (Rousseau, Kant e Fichte)? Ou, pelo contrário, dotar a racionalidade de uma potência superior que lhe permitisse integrar as suas negações como outros tantos momentos do seu próprio desenvolvimento (Hegel)? Narra-se aqui como nasceram as dúvidas que não mais deixariam de atormentar a confiança que a modernidade tinha podido adquirir em relação aos seus próprios ideais.