"Magno Michell Marçal Braga em Rota Transamazônica: nordestinos e o Plano de Integração Nacional¿ nos proporciona excelentes análises sobre as famílias de camponeses nordestinos nos anos que transcorreram a década de 1970, durante a seca, no Nordeste, e na ocasião da abertura da rodovia Transamazônica e implantação dos Programas Integrados de Colonização (PICs) Altamira e Marabá, na Amazônia. Ou seja, dialogando com autores renomados do campo da historiografia e das ciências sociais, após exaustiva pesquisa de fontes documentais, hemerográficas e orais Magno Braga nos oferece uma leitura sobre um Brasil que poucos conhecem: a problemática da seca no sertão nordestino e a migração e instalação de famílias de camponeses empobrecidos no estado do Pará ao longo da Transamazônica em razão das políticas de desenvolvimento e da propaganda de terra e lucro fácil na Amazônia, do governo de Emílio Garrastazu Médici. Evitando qualquer análise reducionista dos processos históricos e sociais Magno Marçal Braga aponta críticas à mídia impressa, à postura do empresariado e de certos políticos que, durante os anos de 1970, procuraram veicular para todo o País uma visão de um nordeste arrasado pela seca, de famílias pobres nordestinas como classe perigosa e da Transamazônica como Eldorado e redenção dos desvalidos. A obra de Magno Marçal Braga, a contrapelo da construção das identidades fixas, nos proporciona excelentes reflexões sobre a inserção das políticas da ditadura civil-militar no Nordeste e na Amazônia. É uma narrativa que privilegia pequenos acontecimentos, marcas sutis e singulares, que deve ser lida por quem aprecia uma leitura agradável, atraente, teórica e metodologicamente consistente. Airton dos Reis Pereira Historiador e professor da Universidade do Estado do Pará "