O Auto da Compadecida é raro exemplo de um clássico instantâneo, aquele tipo de obra que tem seu valor reconhecido imediatamente após sua divulgação. Escrita em 1955 por Ariano Suassuna, a peça estreou no ano seguinte e, já em 1957, ano em que foi publicada pela AGIR, venceu a Medalha de Ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais. Para celebrar os 50 anos de sua criação, o Auto ganha uma edição comemorativa, em capa dura, que traz o texto definitivo, revisado pelo autor, acompanhado por ensaios em que Raimundo Carrero, Bráulio Tavares e Carlos Newton Jr. elucidam aspectos biográficos, históricos e teatrais de uma das peças mais populares do Brasil. A ilustrações são de Dantas Suassuna.No Auto, Ariano consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. Uma de suas fontes mais evidentes, é o folheto O dinheiro, de Leandro Gomes de Suassuna Barros (1865-1918), que relata o episódio do cachorro morto cujo dono destina uma soma em dinheiro para que seu enterro seja feito em latim.