Tempestad nem sequer aparecia nos mapas. Lá todos tocavam violino e jogavam xadrez, principalmente na rua. No jogo - que contava a história do lugar - ninguém vencia, ou perdia. Eles jogavam. Apenas. As partidas não acabavam nunca. O tempo passava eas peças feitas a mão, com madeira de cedrela, que cheirava a canela, se moviam, precisas. E o perfume tão único se espalhava pelas ruas e ali ficava a impregnar panos, peles e lembranças daquele pedaço do mundo, onde o nevoeiro servia de esconderijopara os amantes, as pessoas ainda se olhavam diretamente nos olhos e onde, para sempre, Luís aprendeu o imenso significado deste gesto tão simples. Tempestad também era movida à música dos violinos. Luís, por exemplo, aprendeu com don Antonio, mas sempre achou que nunca seria um grande violinista. Tempos mais tarde, quando Tempestad viraria apenas memória, mudaria completamente de opinião. O romance não consegue esconder a grande paixão do autor pela música clássica.