espantos é um livro que não dá “espaços” para nostalgia, pois mostra que cada momento da vida é único, repleto de passados, mas ainda mais de possibilidades. cheio de intimidades por todos os cantos, acaba por espalhar o leitor na beira do surpreender-se. a autora nos convida para uma dança por dentro de nossa alma, sugere um arriscar-se para além de si mesmo, como no conto cicatrização, que se inicia como um james joyce ávido de “não sentidos”, mas termina como um manoel de barros recriando possibilidades e enxergando o novo onde ninguém via. a dança não para e o ritmo de valsa da autora aos poucos vira rock na poesia palavras embriagadas: “...para as palavras gozarem da embriaguez”. assim, tomados na dança e na embriaguez das palavras, a autora nos põe em cheque, cara a cara, na poesia tamanho da coragem. ao leitor, peço que venha despido para experimentar muitas roupas, pisar em um espaço novo, se renovar e se recriar em cada canto, se ouvir e se contar em cada conto, dispondo-se.