Em 1916, ano de matança desenfreada nas trincheiras da I Guerra Mundial, a neutra Suíça era quase uma ilha de tranqüilidade. Com sua decisão de não tomar partido no conflito que dividia a Europa, o país atraiu toda espécie de refugiados estrangeiros. A cosmopolita Zurique é o destino escolhido por artistas e revolucionários. Em uma pequena rua no centro da cidade, funcionava um espaço dedicado a promover todas as noites "uma orgia de poemas, canções e danças", o Cabaret Voltaire, berço de um dos movimentos mais contestadores da história da arte no século XX - o Dadaísmo. É nesse clima de liberdade e subversão que entra em cena o inspetor de polícia Charles Vallat. Designado para se infiltrar em um grupo anarquista suspeito de tentar desestabilizar a condição de neutralidade do país, o policial franco-suíço acaba no centro da vanguarda artística e política da época. Livre de suas visões pré-concebidas e distante da formalidade habitual de seu dever, Vallat está prestes a descobrir um novo mundo, onde nada é o que parece, e o verdadeiro inimigo está sempre um passo à frente. Intrigante mistura de thriller policial e registro de época, Vallat - Uma Investigação Dadaísta é parte de uma cena que vem ganhando espaço dentro do panorama europeu: a dos quadrinhos suíço-alemães. Fenômeno relativamente recente - os primeiros trabalhos de profissionais Suíça alemã datam dos anos 1970 -, essas HQs têm como característica recorrente a representação de momentos relevantes da história do país, utilizando diferentes estilos de narrativa para criar obras com identidade própria e de um traço tão original quanto cativante.