Gilberto Freyre foi um dos primeiros a chamar a atenção para a importância dos anúncios de escravos em jornais brasileiros do século XIX em livros como Casa- grande & Senzala e Sobrados e Mucambos como fontes documentais para nos aproximarmos do universo do cotidiano dos escravos. Em seu livro O Escravo nos Anúncios de Jornais Brasileiros do Século XIX, Freyre analisa brilhantemente estes anúncios, revelando neles, dentre outras coisas, as relações que se estabeleciam entre os escravos e seus proprietários. São desnudadas pelo sociólogo as diversas ocupações que os cativos vindos da África exerciam deste lado do Atlântico: desde trabalhadores das lavouras de cana-de-açúcar até barbeiros e cozinheiros pessoais de seus proprietários. Ele revela ser frequente nos anúncios de escravos fugidos vermos os escravos doentes e com deformidades físicas: "negros de pernas cambaias", com "pernas tortas pra dentro", "zambos", uma infinidade de termos que indicam não só o excesso de trabalho dos cativos, bem como os maus-tratos que recebiam por parte de seus senhores. Os anúncios de jornais revelavam a mudança dos hábitos alimentares e a gula dos africanos. E como se vestiam e se comportavam. Analisados por Gilberto Freyre, aprendemos que só atentos ao que pode parecer trivial poderemos tentar adivinhar o dia a dia de uma casa com escravos.Os anúncios de jornais revelavam a mudança dos hábitos alimentares e a gula dos africanos. E como se vestiam e se comportavam. Analisados por Gilberto Freyre, aprendemos que só atentos ao que pode parecer trivial poderemos tentar adivinhar o dia a dia de uma casa com escravos.