Em '(Des) figurações', os autores percorrem o sono e a noite do habitante da metrópole para neles descobrir a vida cotidiana da cidade que se revela no sonho, quando as defesas da vigília e da racionalidade organizadora e repressora são recolhidas e silenciadas. Desprotegido, o morador sonha e descobre que a cidade é uma arquitetura de medos, é um labirinto de pequenas e sutis violências que mutilam rostos, desfiguram pessoas conhecidas e enche as ruas de inimigos sem fisionomia, mortos-vivos que perseguem o habitante impotente, paredes que se tornam transparentes e expõem a desprotegida nudez do sonhador. Utilizando os instrumentos teóricos e interpretativos da sociologia da vida cotidiana, os autores mostram ao leitor que a loucura do sonho é a denúncia crítica dos desencontros profundos e das contradições da metrópole e do mundo racionalizado, organizado e administrado do dia-a-dia.