Eram ao todo dezesseis netos juntos, reunidos em torno da mesa comprida. Férias na fazenda do avô. Brigas, turmas divididas, meninos contra meninas. Galope a cavalo, em pêlo, "Cruz credo! Ave Maria! Cria juízo ô iscriança!" O banho de rio, tão frio! A guerra de lama vermelha, "O último a chegar é mulher do padre". Correria e diabrura e também braço quebrado. A jabuticaba no pé madurinha! Lá do alto a cuspidela, coitado! "Coitado é filho de rato que nasce pelado". A rede balançava tão alto! Levando seis de uma vez. "Bão-balalão senhor capitão". É tombo na certa e bunda no chão. Do chão se ergue a cabana, no mato o esconderijo. "Inimigo à vista!" Chove limão galego. Chove bola de lama. O banho de cachoeira, o tombo, o escorregão. À noite vinham estórias de fantasma e assombração. A luz aos poucos morria fraquinha, fraquinha ela ia, a roda d'água parava pouco a pouco. Alguém lá fora gritava "Vai apagar a luz!" Era hora de dormir, de deitar e de sonhar, ainda com a fazenda do avô.