Não obstante seus caminhos políticos terem sido distintos, Brasil e Cuba compartilharam, dado o peso do escravismo, uma história comum ao longo do século XIX. Tal unidade datava de fins do século XVIII, fruto dos planos ilustrados para a recuperação econômica de Portugal e Espanha bem como da resposta que as classes proprietárias da América porutuguesa e do Caribe deram ao colapso da colônia francesa de Saint-Domingue, e se solidificou econômica e politicamente nas primeiras décadas do século seguinte. Após 1820, Brasil e Cuba foram as únicas regiões do Novo Mundo que continuaram sendo alimentadas por uma enorme tráfico transatlântico de africanos escravizados. Em razão disso, suas economias escravistas apresentaram grande dinamismo, rapidamente convertendo os dois espaços nos maiores produtores mundiais de café e de açúçar, mas, também por conta do tráfico negreiro, as classes proprietárias brasileiras e cubanas tiveram que enfrentar a forte pressão diplomática britânica. Suas trajetórias políticas foram igualmente singulares: em um mar de repúblicas, de norte a sul do continente americano, o Império do Brasil e a colônia espanhola de Cuba representaram casos ímpares. Nas experiências constitucionais em que se acordaram tais soluções políticas (Brasil como monarquia independente, Cuba como província ou colônia da monarquia espanhola), a plataforma escravista dos representantes brasileiros e cubanos acabou sendo decisiva.