O presente livro não é uma História do Atomismo ou da matéria, nem uma discussão filosófica acerca do realismo de entidades ao longo do tempo. O presente texto nos mostra como a concepção física do mundo, como o próprio termo concepção deve sugerir, é obra do engenho, da imaginação. O livro de Eduardo Simões tem o mérito de nos mostrar que a física, que não se resume a comtemplar o real, mas a construí-lo, se utiliza de pedras criadas e lapidadas pela razão pura: o átomo, o espaço absoluto, o éter, os campos, os quantas, e tantas outras. Muitas das construções assim edificadas nascem no terreno puramente formal da intelecção e se dirigem às alturas das mais elevadas abstrações, sem jamais tocar a outra margem do rio, sem nunca estabelecer uma conexão com o mundo da experiência. Se tivéssemos que enumerar todas as questões filosóficas que o livro de Eduardo Simões levanta, sem dúvida padeceríamos de tarefa com elevado grau de dificuldade.