Notas sobre a Fome, de Helena Silvestre – é um daqueles livros que são necessários, segundo Lucia Tennina, autora do texto de orelha dessa obra. “A autora Helena Silvestre, como mulher, como militante, como favelada, como indígena, como negra, tinha de levantar a voz com este livro, pelos seus, pelos outros, por nosotras. Tinha de irromper na língua dos letrados para evidenciar seus violentos silêncios, mantendo as bases de um feminismo não branco, de um ‘feminismo inominável', como ela o nomeia, de um marxismo favelado, de uma cosmopolítica das particularidades e de uma genealogia da fome pensada não desde conceitos, mas sim desde a dor no estômago, desde a ira, desde a febre e, principalmente, desde os sonhos“. Segundo Lucia, é por meio da história de sua vida que a autora consegue montar uma máquina de pensamentos, não tomando a palavra desde uma narrativa genealógica e íntima, como costumam fazer pensadores letrados e bem alimentados, mas sim por meio de um relato corporal...