Guerra e literatura, de Leonardo Francisco Soares (org.)O homem faz a guerra desde que empunhou o primeiro tacape e não cessa de a fazer, com armas cada vez mais devastadoras. É uma de suas invenções mais abjetas. Guerras de conquista em nome da fé, guerras de expansão em nome da pátria, guerras de extermínio em nome da raça, guerras entre irmãos e vizinhos para resolver um conflito.O mesmo homem faz a arte que denuncia a guerra, invenção duplamente sublime, por ser arte e por pregar a paz. Já se foram os tempos em que a arte enaltecia a guerra, como nas narrativas épicas gregas. Desde a Primeira Grande Guerra, em que bombas despejadas por aviões e gases mortíferos mataram dezenas de milhões sob as vistas de todos, e mais acentuadamente desde Hiroshima e Auschwitz, o sentimento dominante do homem artista é de repulsa à guerra, de crítica ao culto patriótico e ao xenofobismo que formam sua ideologia e de denúncia dos que a provocam.