As ciências cognitivas abrem, actualmente, um novo continente intelectual que, por exemplo, repensa a distinção entre tipos de ciência e promete, por vezes, federar o conjunto das ciências humanas. Em causa está o conjunto de disciplinas que investigam os comportamentos inteligentes (dos homens, dos animais ou das máquinas) e os suportes materiais que parecem condicionar esses comportamentos (o cérebro ou o computador, por exemplo), reformulando antigas questões filosóficas e possibilitando a sua investigação no âmbito científico. A génese, os métodos, as finalidades destas novas ciências são, aqui, explicadas de uma forma clara e rigorosa. Abordadas na perspectiva das neurociências, da psicologia ou da linguística, as ciências cognitivas revelam, graças ao autor, os seus pressupostos, as suas ambições e as perspectivas que oferecem à filosofia, à sociologia, à robótica ou à ergonomia. Compreende- -se, assim, a urgência de uma avaliação cuidada das promessas e dos riscos que estas novas ciências comportam. Deliberadamente pedagógica, esta obra de Georges Vignaux consegue ser acessível ao iniciado e não minimizar as dificuldades deste empreendimento interdisciplinar em plena maturação. Um livro importante e fascinante, em especial numa época em que a ciência se revela cada vez mais como um todo constituído por múltiplas abordagens que se relacionam e complementam. GEORGES VIGNAUX é director de pesquisas no CNRS e as suas investigações incidem, em especial, sobre o papel da linguagem na cognição.