Disseram que agora eu encontrei uma família. Pai e mãe. E um irmão. Disseram. Mas será mesmo? Dos sete anos que moro no orfanato, já vi um bando de gente entrando e saindo. E uns até voltando. No começo eu achava estranho, agora acostumei. Tá... não acostumei, e ainda acho estranho. Mas se repete. Os pais vêm, escolhem, gostam, depois se não gostam mais, devolvem. Tipo mercadoria. Só que gente não é brinquedo. Não dá pra ficar fazendo ioiô delas. Ioiô é de plástico e não tem coração. Órfãos têm. Geralmente, partidos.