Zizek, um dos interlocutores mais importantes nos debates sobre o destino do pensamento político de esquerda, move-se no interior de um terreno para onde convergem crítica da cultura, psicanálise, teoria social, análise cinematográfica e política, diagnosticando os sintomas da sociabilidade comtemporânea e devendando articulações onde menos se espera. No final, o quadro que aparece ultrapassa a análise circunstancial de um fato e nos leva ao cerne dos impasses do nosso tempo. Um tempo em que a busca pela realidade objetiva por trás das aparências é uma busca falsa, funcionando como 'o estratagema definitivo para evitar o confronto com o Real'. Bem-vindo ao deserto do real! é uma coletânea de cinco ensaios de Slavoj Žižek, onde o autor aborda os acontecimentos de 11 de Setembro e suas consequências. O filósofo esloveno firmou-se como um importante interlocutor nos debates sobre o destino do pensamento político de esquerda, ao mesmo tempo em que se transformou em figura de destaque dos cultural studies norte-americanos, ao fornecer uma outra via de abordagem da cultura contemporânea. Em Bem- vindo ao deserto do real!, Slavoj Žižek usa a provocativa frase 'Com essa esquerda, quem precisa de direita?' para comentar a atuação da esquerda no período posterior aos atentados de 2001. Atuação essa que permitiu que a ideologia hegemônica se apropriasse da tragédia e impusesse sua mensagem de que é preciso escolher um lado na 'guerra contra o terrorismo'. Para o autor, a tentação de escolher um dos lados deve ser evitada. Segundo Žižek, quando as escolhas parecem muito claras, a ideologia se encontra em seu estado mais puro, obscurecendo as verdadeiras opções. A 'democracia liberal' não é a alternativa ao 'fundamentalismo' muçulmano, coloca. Publicado pela Boitempo dentro da coleção Estado de Sítio, Bem-vindo ao deserto do Real! não é apenas mais um livro sobre os desafios políticos impostos pelo 11 de Setembro. Movendo-se no interior de um terreno para onde convergem a crítica da cultura, a psicanálise, a teoria social, a análise cinematográfica e a política, Žižek sabe diagnosticar os sintomas da sociabilidade contemporânea e desvendar articulações onde menos se espera. (...)