Sempre houve um mistério na razão da defesa de Jesus feita por Pilatos ante o Sinédrio. E aí o Padre Martinho Lutero Libório - vigário da paróquia de Pombal, na caatinga paraibana - pergunta-se, depois de fazer o papel do romano na Semana Santa, na capital da Paraíba, se o motivo teria sido, mesmo, um sonho de Cláudia Prócula - mulher do praefectus de Jerusalém - ou algo bem mais poderoso, como seu vínculo com o Nazareno, agente infiltrado, judeu, mas cidadão de Roma, tal como eram Paulo de Tarso, Flávio Josefo e Filon de Alexandria. Este romance inova com essa sua teoria e com a reprodução vívida da até então ignorada vida cultural do interior nordestino, realidade muito distante do universo retratado por obras como Vidas Secas, Fogo Morto ou Grande Sertão: Veredas. Assumindo o desafio de enfrentar ficcionalmente a complexidade dos temas abordados, W. J. Solha apresentou o projeto do romance à Funarte e foi um dos dez que receberam a Bolsa de Estímulo à Criação Literária em 2007, obra publicada agora pela Editora A Girafa.