Marcos Giansante escreve como a águia da montanha que desce em gargantas profundas. Ele jamais teme o mergulho porque parece saber como retomar o caminho do céu. Sua escritura descreve a viagem do homem ao lúgubre inferno eugênico enquanto prepara o retorno aos espaços ensolarados da redenção histórica. Nesta primeira ficção, Giansante desenha o pesadelo sofrido pelos afro-americanos, sem jamais se esquecer de colocar o futuro em suas mãos. Os personagens de Os jardins da casa de Deus são mártires invisíveis da história dos Estados Unidos. Gente miúda que, depois de abolida a escravidão, enfrenta a fogueira dos preconceitos sociais. A localidade ficcional de Verna, algo situada naquele sul descrito pelo romancista William Faulkner, transforma-se em um campo da batalha de mentalidades onde o fogo é constante. Por Verna escorre o sangue dos combatentes de uma guerra não oficialmente declarada, homens e mulheres para quem espiritualidade e erotismo alternam forças. Rosane Pavam [...]