Este livro apresenta uma análise institucional do discurso das principais formas de tratamento para o autismo no campo da Psicologia: a Psicanálise e a Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Foram entrevistados profissionais que trabalham com essas abordagens, e os resultados, até certo ponto, surpreenderam. Como se poderia esperar pelas divergências teórico-técnicas e epistemológicas, observaram-se diferenças no modo como os psicólogos de cada orientação veem a criança, a família, seu próprio trabalho e o alcance do método. No entanto aproximaram-se no que diz respeito ao lugar atribuído à criança. Delineou-se, então, com base nisso, uma inusitada dimensão institucional de tais práticas de tratamento: a dificuldade do direcionamento e da sustentação do olhar é uma marca da cena terapêutica, e não propriamente, ou apenas, da criança.