Se me fosse dada apenas uma palavra, que adjetivo escolheria para definir o textos de Bia Barros? Difícil responder. Porque Madalena, Alice, é tudo isso e mais. Para quem, como eu, já conviveu com um doente de Alzheimer e enfrentou sua espiral de for e alucinação, o livro é de enorme impacto. Ao optar, na primeira parte da narrativa, por penetrar na esfacelada Madalena, a mulher que tem a doença a autora nos leva às profundezas dese lugar escuro que é a loucura. É como se conhecêssemos o horror por dentro. Na segunda parte, ouvimos afinal a voz da Alice, a filha, que é cuidadora e vítima, tão vítima quanto a mãe. Ali, ficamos sabendo com clareza tudo o que já no fora delineado pela mente fragmentada e assustada de Madalena. As duas narrativas se completam e dão, com força literária, um panorama da tragédia que é a doença de Alzheimer.Premiado com Menção Honrosa, no "Prêmio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas obras em Língua Portuguesa", Madalena, Alice é um livro perturbador. Sufocante. Belo. Conta a história de mãe e filha, cuidadora e paciente. Ao optar, na primeira parte da narrativa, por penetrar na esfacelada Madalena, a mulher que tem a doença a autora nos leva às profundezas desse lugar escuro que é a loucura. É como se conhecêssemos o horror por dentro. Na segunda parte, ouvimos afinal a voz da Alice, a filha, que é cuidadora e vítima, tão vítima quanto a mãe. Ali, ficamos sabendo com clareza tudo o que já no fora delineado pela mente fragmentada e assustada de Madalena. As duas narrativas se completam e dão, com força literária, um panorama da tragédia que é a doença de Alzheimer. (...) As personagens, nomes de mulheres, falam do corpo e do amor, do sexo e da sua impossível e ao mesmo tempo inescapável presença na definição do próprio feminino. Mas este livro é, sobretudo, se o lermos como romance e não como contos encaixados entre si, a história de desencontro da narradora consigo mesma, perdendo-se numa vida entre corpos e dolorosas expectativas por não conseguir encontrar a metade correspondente à sua "anima" ausente.