Os bispos dos diversos países vão cada cinco anos a Roma, em que são recebidos pelos organismos do governo central da Igreja e, finalmente, pelo Papa, que lhes dirige uma exortação em que toca nos pontos mais importantes de seu magistério junto ao episcopado.

No caso do Brasil, dado o tamanho do país e o grande número de bispos, tais visitas se fazem por grupos, oferecendo a oportunidade ao Papa de tratar dos diversos problemas pastorais em pauta. Foi o que aconteceu entre agosto de 2002 e fevereiro de 2003. Foram recebidos em Roma doze grupos de bispos brasileiros, dos 17 regionais em que se divide a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

A publicação desses doze discursos oferece uma visão de conjunto de como a vida da Igreja no Brasil é vista de Roma. Os interlocutores imediatos são os bispos, de tal sorte que seu papel e sua missão aparecem em primeiro plano. Na realidade, porém, quando se percorrem esses doze discursos, percebem-se algumas preocupações maiores, como, por exemplo: que a pastoral vise, antes de tudo, o testemunho da fé e não seja "reduzida às suas dimensões temporais e terrenas"; que os leigos ocupem na Igreja o seu lugar específico, "de procurar o

Reino de Deus no quadro de sua vida temporal", sem que "se confunda seu papel com o dos ministros" ou vice-versa; e ainda, a importância da formação moral da consciência, na base de uma autêntica vida cristã, que se traduz na vida pessoal, na família e na sociedade, e pelo empenho em favor da justiça e da solidariedade.

Um índice analítico facilita a identificação dos diversos temas tratados.A divulgação desses discursos é, na verdade, uma forma de esclarecer, com documentos de primeira mão, as preocupações pastorais de João Paulo II com o Brasil, nem sempre devidamente reconhecidas, no momento histórico que atravessamos.